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O FANTÁSTICO GIRATÓRIO

  • Foto do escritor: Breno
    Breno
  • 3 de dez. de 2020
  • 2 min de leitura

Fui uma única vez ao Giratório . Tinha uns 11 anos e meu avô Maurício que conhecia tudo da cidade lá me levou

Analisando hoje, era um cenário que poderia tranquilamente estar no filme Tempos Modernos de Chaplin

Entrava-se por uma porta tipo saloon e fazia-se e pagava-se o pedido por número:

1- arroz/feijão/bife/salada

2- arroz/feijão/carne assada/fritas

Não lembro os outros números, acho que eram 20 no total, tinha ainda a deliciosa Lasagna, a Carne Assada a Brasileira e as duas salvações dos office boys, por seu baixo preço , a Macarronada e o Arroz com dois ovos. O pedido era passado por interfone ( o primeiro de São Paulo, trazido da Itália pelo dono) à cozinha, lavávamos as mãos que eram secadas no também primeiro secador a ar da cidade.

Aí sentava-se numa cadeira, frente a um balcão que por sua vez dava frente para uma envidraçada cozinha oval e balcão e cadeira giravam ao redor da cozinha

Logo numa primeira janela você recebia sua comida e bebida e aí tinha um giro( não me recordo se de 20 ou 30 minutos) para comê-la. Passava-se então pela janela das sobremesas e depois pela janela de devolução de pratos/copos/talheres e frente a outra porta de saloon você saia diretamente para a rua

Uma queixa recorrente era que quem pedia a Carne Assada a Brasileira não conseguia comê-la em um giro e precisava de tempo extra( que era concedido, a prejuízo da fila)

Era simplesmente surreal e fantástico !

A iniciativa foi da família Barioni, uma família de artistas e inventores. Mário bolou o restaurante, Ézio não só o dirigia como construiu máquinas de lavar pratos, descascadores de batata, a tal secadora de mãos , enfim um gênio que fazia aquela traquitana toda funcionar

Um terceiro irmão , Baby Barioni também ajudava e foi o criador dos Jogos Abertos do Interior

O restaurante funcionou na rua Amador Bueno, hoje rua do Boticário de 1958 até 1968 quando fechou sufocado pelos custos da renovação do aluguel e operacionais que eram altíssimos

Não consegui uma foto do local, apenas da rua daquele tempo

Uma iniciativa única, talvez no mundo, que sucumbiu aos tempos

Não vou jamais conseguir descrever a vocês meu fascínio quando entrei e vi aquilo tudo girando e funcionando, era como ser transportado ao futuro em segundos

Hoje vivo no futuro e tenho uma saudade danada do passado

 
 
 

1 Comment


Roberval Barioni
Roberval Barioni
Apr 23

Sou filho do Ezio. Algumas correções, embora sua lembrança seja fantástica e sua matéria muito legal de ser lida.

Depois da janela da entrega dos pratos, tinha uma do café. O tio Mario (Mario Genari Filho), idealizador do Gira (como o chamávamos), era TIO do meu pai, embora tivessem praticamente a mesma idade. O Gira pertencia a uma sociedade e qdo tio Mario resolveu abrir um outro no RJ, onde morava, a sociedade não tinha $ e meu pai então comprou o de SP para injetar o $. RJ, Santos tiveram Giratórios e tinha um planejado para Portugal, mas nunca saiu do papel. Entretanto, meu pai NUNCA gerenciou pessoalmente nenhum dos seus negócios (outro restaurante, açougue, fábrica de brindes de cristal, etc), pois…


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